Centro da cidade e o abandono patrocinado

Com certa frequência, aqui no sub ou em qualquer conversa sobre a situação atual de Campinas, surgem as tags: centro, moradores de rua, insegurança, abandono, comércio local, falências, aluguel, drogas, política, construtoras, revitalização, mobilidade urbana, história, cultura e lazer.

Não é de hoje que todo mundo percebe que o centro de Campinas - assim como o centro de muitas outras grandes cidades - passa por uma sistemática política de esvaziamento.

Pra além de conceitos teóricos complexos do urbanismo e da discussão sobre ocupação da cidade (como Gentrificação e Suburbanização), as discussões - tanto aqui no sub quanto nas conversas do mundo real - noto uma percepção muito individualizada sobre as possíveis soluções para a região e até sobre o diagnóstico do real problema.

Há quem diga que os problemas partem da ocupação da região pelos moradores de rua, há quem diga que os problemas de mobilidade urbana são os causadores, dizem que a quantidade de imóveis vazios apontam para para um processo acelerado de especulação que resulta em desvalorização e consequente aquisição de grandes áreas pelas incorporadoras, há quem acredite que o lançamento de mais imóveis seja benéfico e há quem ache que leis como a do retrofit resolvem o problema por si só, isto é, acreditam que deixar fachadas mais agradáveis para alguns vai atrair o povo para o centro.

Enxergar o centro da cidade apenas como um ambiente que deveria movimentar negócios ou como um lugar que deveria agradar só uma classe social ou só um grupo de pessoas é um erro grave.

E, para quem se interessa pelo tema, talvez seja essencial separar alguns poucos minutos de vida para ver o que um especialista no assunto tem a dizer.